Flaming Lips - The Dark Side Of The Moon **

“Loucura” sempre foi a palavra que melhor assenta aos Pink Floyd. Desde Syd Barrett ao estertor, o conceito esteve sempre presente, muitas vezes até de forma bem explícita.
Ora, o que fazem os Flaming Lips nesta releitura integral de uma das obras-primas da banda, quase quatro décadas após a edição original? Acrescentam loucura à loucura. Ou, se quiserem, retiram a fina camada de conveniência que civilizava o disco e deixam toda a sua profunda loucura à vista de toda a gente.
Na tarefa a que meteram ombros, os Flaming Lips tinha dois obstáculos à partida, para só falar nos mais evidentes:  a sua proximidade sónica aos PF, que os impediria de se libertarem do original; o valor intrínseco de “Dark Side”, que torna virtualmente impossível uma re-leitura de peso idêntico.
A opção tornou-se relativamente evidente: o osso das canções ficou quase intocado, enquanto à sua volta se desenvolveram malhas sonoras libertadoras. Não é brilhante.

Be Yourself - A Tribute to Graham Nash ****


“I Used To Be A King”, interpretada pelos Vetiver, poderia perfeitamente ser uma canção acabadinha de escrever, tal a modernidade da escrita e da interpretação, talvez a melhor deste disco. Mas essa e todas as outras canções têm quase 40 anos e integraram o primeiro disco a solo de Graham Nash, a alma dos britânicos Hollies e o N dos Crosby, Stills, Nash e (às vezes) Young.
Este CD reproduz fielmente o disco original, Songs For Begginers, uma espécie de homenagem organizada pela filha Nash.
Curioso é que as canções conhecidas, “Chicago” e “Military Madness”, parecem ser hoje as menos interessantes, e as verdadeiras jóias são aqueles em que ainda não tínhamos reparado com atenção, como é o caso de “Better Days”, ou “Be Yourself”.
Muito estimulante é o facto de as interpretações terem fugido à repetição do original, mas recusarem igualmente a diferença pela diferença. O resultado é uma serenidade e uma beleza que fazem justiça a Nash.