“Loucura” sempre foi a palavra que melhor assenta aos Pink
Floyd. Desde Syd Barrett ao estertor, o conceito esteve sempre presente, muitas
vezes até de forma bem explícita.
Ora, o que fazem os Flaming Lips nesta releitura integral de
uma das obras-primas da banda, quase quatro décadas após a edição original?
Acrescentam loucura à loucura. Ou, se quiserem, retiram a fina camada de
conveniência que civilizava o disco e deixam toda a sua profunda loucura à
vista de toda a gente.
Na tarefa a que meteram ombros, os Flaming Lips tinha dois
obstáculos à partida, para só falar nos mais evidentes: a sua proximidade sónica aos PF, que os
impediria de se libertarem do original; o valor intrínseco de “Dark Side”, que
torna virtualmente impossível uma re-leitura de peso idêntico.
A opção tornou-se relativamente evidente: o osso das canções
ficou quase intocado, enquanto à sua volta se desenvolveram malhas sonoras
libertadoras. Não é brilhante.