José Cid. Ouçam “Silver Platter Club” e digam lá se não
parece José Cid da fase Green Windows. Uma das graças deste disco é
precisamente a camada de kitsch que o envolve – a cada momento, ouvimos
pequenos trechos e melodias inteiras que nos atiram lá para os anos 70 ou 80.
Coisas meio psicadélicas, Beach Boys sem Brian Wilson, baladas a atirar para o
sinfonismo, alguma electrónica exuberante. Chega a ser engraçado.
Outra das graças é a voz de John Grant, rapaz que já por aí
anda há uma década, mas que, realmente, nunca deu nas vistas. Teve um grupo que
se chamou The Czars (três discos, entre 2000 e 2004) e, nos últimos tempos, fez
de músico de apoio dos Flaming Lips e dos Midlake, grupo este o acompanha nesta
primeira aventura a solo. A voz, portanto, de John Grant é muito interessante,
barítono, uns furos acima do banal e também uns furos acima da sua
originalidade como compositor. Fica a sensação de que, em vez de canções, faz
colagens.
Um disco que é quase uma curiosidade.