Mark Lanegan - Phantom Radio ****

Há cadáveres por todos os cantos, cantos de canções. Mas nem é tanto a morte que incomoda, são mais os fantasmas, o que sobra da morte, e as desilusões, a morte que nos atravessa em vida. O tema não é propriamente novo (o disco de 2012 tinha por título Blues Funeral), mas nunca Lanegan demontrara tal agilidade a lidar com ele. Agora, é possível dançar sobre as tumbas ("Seventh Days"), embora não seja essa a agilidade que conta, antes a desenvoltura de composição, que começa a projectar Lanegan como um dos compositores a justificar atenção redobrada por estes dias. Por exemplo, em "Judgement Time" ou "I'm The Wolf", duas das mais densas e sombrias canções, mas igualmente das mais belas. A voz cheia de fumo, mas espantosamente versátil, vai casando na perfeição com a atmosfera electrónica predominante, como é o caso de "Torn Red Heart", que vai directamente para o top das suas melhores canções.

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