De tuk tuk no Parque


Entrei Feira adentro a bordo de um tuk-tuk. Visualizem a cena em quadrinhos de BD, sff. Gosto de imaginar a Feira como um daqueles bairros pelos quais adoramos passear nos calores de Junho e, nos dias que correm, como sabem, bairros de Lisboa só de tuk tuk. Avancemos, portanto. Antes de cheirar o primeiro livro - é verdade, várias pessoas cheiravam os livros nos alfarrabistas... -, a primeira tangente com um 'runner' (conhecem? antes faziam 'jogging'). Bela ideia. E que tal uma meia maratona Feira do Livro? E ainda antes de cheirar o primeiro livro, a primeira desilusão: este é o único bairro de Lisboa que não cheira à sardinha assada da época. Cheira a churros, cheira a cebola frita, a algodão doce e a leitão (!), mas não a sardinha. Vá lá perceber-se o preconceito. E poderia cheirar a muito mais coisas boas de chorar por mais, se as bancas tivessem cheiro. Ficamos, aliás, com a ideia de que era condição de admissão que as editoras tivessem pelo menos um livro de culinária. E há mesmo um salão de show cooking (!) ao fundo do parque - não tem nada que enganar, é mesmo ao lado do pavilhão do papel higiénico, bem nas traseiras do Marquês. De resto, a Feira cumpre o cliché e está igual a si própria. Um tédio para os intelectuais, para quem falta sempre um 'je ne sais quoi', uma excitação para casais da classe média ascensional (sim, a crise não acabou com eles) e com filhos em idade escolar que ensacam como se não houvesse amanhã. Um desses casais chegou a tentar sacar-me o tuk tuk para levar os livros. É o sacas!

Positivo: Passear e namorar nas laterais do Parque em noite amena, sob a protecção da Feira
Negativo: A inclinação do terreno, sem resolução ao fim de tantos anos. Torna o passeio cansativo. Mas a vista é bonita

Sugestões: Vale a pena consultar o site antes de ir: estão lá os livros do dia Na última hora (a partir das 22 ou das 23, conforme os dias), há editores que baixam muitos os preços

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