Old Jerusalem - A Rose Is A Rose Is A Rose *****

Não há propriamente uma ruptura - as cordas, por exemplo, já conhecem os cantos à casa - mas nunca os Old Jerusalem tinham permitido uma tão avassaladora invasão orquestral. E o resultado não deixa de ser surpreendente, na medida em que a delicadeza que conhecíamos nesta música em nada é afectada, antes pelo contrário, ganha ainda mais espaço de respiração, como bem se ouve em "Airs Of Probity". Para quem agora chega a este som, um breve esclarecimento: Old Jerusalem é um projecto de geometria variável, alimentado, há década e meia, por Francisco Silva, a partir do Porto. Este é o seu sexto trabalho de longa duração, sendo que o disco anterior, de título homónimo, data de 2011 e, precisamente, é completamente dominado pela guitarra acústica sem muitos artifícios, numa assumpção plena do folk. Agora, mercê de uma intensa colaboração com Filpe Melo (piano e orquestrações), as canções enchem-se de sonoridades várias, que sublinham as linhas melódicas de grande elegância e dão ainda mais destaque a uma bela e ainda mais versátil voz. O tema que dá título ao disco é, talvez, o melhor exemplo desse novimento: começa com uns compassos dolentes de jazz, adorna-se de acordes marcantes de guitarra acústica, recebe o piano e outras teclas, só lhe ficando a faltar as cordas, que surgem logo a seguir, em "All The While". É muito difícil destacar um ou outro tema, já que se trata de uma colecção extremamente homogénea, com a temática da passagem do tempo como elo de ligação, e cada canção é meticulosamente acarinhada na vertente orquestral. É natural que se ouça por aqui Kings of Convenience, Iron & Wine ou Lambchop. Não se trata de influências, antes de identidade. Com a mesma naturalidade com que se cita Kris Kristofferson em "Twenties".

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