The Beach Boys - Sunshine Tomorrow *****

Este é, então, o lado B do Verão do Amor. Em 1967, os Beach Boys já tinham gravado a sua obra-prima absoluta (“Pet Sounds”, de 1966) e o genial Brian Wilson perdeu-se, literalmente, na produção de um disco (“Smile”) pensado para derrotar os Beatles, mas que nunca viu a luz do dia. Em 67, portanto, quando toda a gente era uma revolução musical, os BB quase hibernaram. Lançaram um disco (“Wild Honey”), sem Brian ao volante e que era uma espécie de marcha atrás, com a banda a descobrir o R&B, por onde toda a gente já tinha passado (“How She Boogalooed”), e quase sem os devaneios barrocos do mesmo Brian (“A Thing or Two”), para depois embarcarem numa digressão – adivinharam, também sem Brian... – que mostrava um grupo pouco consistente e com umas versões a léguas das registadas em estúdio. Esta edição recolhe tudo isso. “Wild Honey”, pela primeira vez em versão estéreo, a que se juntam uma série de versões alternativas, de estúdio, de ensaio. Dá para perceber que, sem a liderança de Brian, a banda procura qualquer coisa e essa coisa não é propriamente desinteressante, apenas não é inovadora. Há depois mais uma mão cheia dos destroços de “Smile”, que já haviam sido alvo de ampla edição em 2011 (“Smiley Smile”). E ainda uma série de gravações ao vivo da tal digressão e mais umas coisas dispersas, a que não falta uma gravação de estúdio destinada a levar palmas e fingir de vivo (“Heroes and Villains”, por sinal uma versão muito interessante e diferente da oficial, esta sim com Brian em plena acção). Tudo somado, temos uma edição que, pela primeira vez, demonstra o esgotamento do fulgor inicial dos BB e a passagem para uma versão menos ambiciosa, à sombra da qual a banda sobreviveu nas décadas seguintes. Com e sem Brian.

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