Aldina Duarte - CCB, 6 de abril


O concerto do final do verão passado, no Largo de São Carlos, perdurará certamente na memória, pela comunhão da cidade com a sua canção, pela festa de verão que o fado também sabe ser. Mas é no CCB que o fado se dá especialmente bem, porque, apesar da desproporção espacial face às tradicionais casas e tascas, consegue um equilíbrio justo entre a intimidade e a ambição dos grandes palcos. Faz jus ao fado, no som e no recolhimento. Aldina Duarte regressa, pois, a essa outra casa de fado e novamente com histórias de amor, depois de ali ter apresentado, em espectáculo único, o ambicioso “Romance(s)”, com poemas de Maria do Rosário Pedreira. O regresso é com outra história de amor, agora em nome próprio e final trágico. E com uma outra escritora como musa inspiradora, Maria Gabriela Llansol, autora do primeiro livro que lhe ofereceu um amor que acabou sem aviso. O luto desse amor foi feito com os livros de Llansol, junto a uma árvore do Jardim da Estrela, dele tendo nascido dez poemas que, bordados com outros tantos fados tradicionais, deram origem a um dos discos mais aplaudidos de 2017. São fados que, ao invés de lamuriarem o brutal acidente da despedida, eternizam os momentos felizes, a que se juntam outro com letra de Maria do Rosário Pedreira e ainda um fado-canção de Manel Cruz (Ornatos Violeta). No CCB, a fadista faz-se acompanhar de Paulo Parreira (guitarra) e Rogério Ferreira (viola), com quem canta há 12 anos no Senhor Vinho e que com ela gravaram, em três sessões, o disco “Quando Se Ama Loucamente”. Pedro Gonçalves (Dead Combo), que produziu o CD, será outro dos convidados.

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