Camané, CCB, 11 e 12 de outubro


Os fados que o CCB vai ouvir já andaram por salas destas, amplas e improváveis. Pelo São Luiz, por exemplo, onde Alfredo Marceneiro se despediu da vida artística, em 1963. Mas estes são fados que nasceram e retratam uma Lisboa de outras eras, de bêbados pintores, de camareiras e ciganos alquiladores e, claro, de mariquinhas que viviam em ruas bizarras de janelas com tabuinhas. Histórias de poetas populares, a que Marceneiro deu tal corpo musical que muitos desses fados são hoje considerados tradicionais e a base de outros fados. O mais recente disco de Camané recupera esses temas, tal como o autor os idealizou e cantou, assumindo o risco do desencontro histórico-cultural – a visão da mulher em “Ironia” deve tirar do sério qualquer feminista – ou simplesmente o kitsch de quadros bucólicos ou burlescos estranhos às novas gerações. Fá-lo numa altura da sua carreira em que já nada tem que provar e pode, por isso, transportar Marceneiro para o lugar da sua voz em palco. Com Camané estarão José Manuel Neto, na guitarra portuguesa, Carlos Manuel Neto, na viola, e Paulo Paz, no contrabaixo.

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