Diabo na Cruz - Lebre ****

As referências dos Diabo na Cruz vão da ancestralidade da “procissão [que] ainda vai no adro” (“Procissão”) ao esperanto digital dos tempos modernos condensado no “não há emojis para o que sinto”, em “Roque da Casa”. Uma música ancorada em raízes folclóricas evidentes, que se deixa contaminar pela universalidade das guitarras e esquemas rítmicos de matriz anglo-saxónica (na longa “Montanha Mãe – Contramão” há guitarras portuguesas, mas há também ecos fortes do rock progressivo ou sinfónico de décadas atrás), para acabar novamente com os pés bem assentes na “Terra Natal” e num “Portugal”, meio vira, meio hino. E a meio da aventura, há uma tocante “Balada”, liberta de amarras. O puzzle, a justaposição de linguagens, é agora, ao quarto disco, mais complexa, mas igualmente mais consistente, com as costuras menos evidentes. Resultado de muita estrada, certamente, mas igualmente do tempo de respiração a que a banda se obrigou.

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