Melhores de 2018 (excertos)

António Zambujo. Um disco de adeus aos fados, que não ao Alentejo (“Retrato de Bolso”). Assumidamente pop de raiz beatleana (“Sem Palavras”). Impregnado de um Brasil contemporâneo nada tropical, de que o eco de Rodrigo Amarante na primeira canção será a prova mais evidente. Sem perder o pé do que lhe trouxe tanto sucesso, Zambujo parece querer abrir, ao oitavo disco, um capítulo que cruza a densidade orquestral com a extrema atenção ao detalhe.
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Dead Combo. O duo é agora banda. E com essa expansão expande-se também este som que, apesar de tão português, ou talvez por isso, não conhece fronteiras. A bateria que a banda trouxe dá músculo rock a quase todo o disco, abrindo ainda mais o leque já enorme de jazz, fado, western, caraíbas, África... A voz de Mark Lanegan encaixa na perfeição, num disco com memórias de Carlos Paredes, poema de Pessoa e traços de Verdi.
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Ry Cooder. Que lição, mr. Cooder! Um disco que, com três originais e uma mão cheia de clássicos, mais parece um catálogo em redor dos formatos clássicos da América: blues, country, bluegrass, gospel. Um manifesto contra as velhas e as novas tiranias.
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Father John Misty. Mais um disco sobre corações partidos por um dos mestres do melodrama indie. Dez canções autobiográficas, encharcadas num arrependimento que se transfigura em redenção por via da ironia. Um autêntico strip tease sentimental para nosso deleite.

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