Iggy Pop - Free ****

A fúria celebratória do ano de 1969, obviamente, passou ao lado do primeiro disco (homónimo) dos Stooges, que cunhou aquilo que conhecemos por punk rock. Iggy Pop, que na altura tinha por hábito sair do palco ensanguentado, é hoje um rebelde sereno e também ele se esqueceu da efeméride. A marca mais notória deste seu 18.º disco a solo é a total imersão no ambiente do jazz, seja nos temas mais vibrantes (“James Bond”, “Loves Missing”), seja especialmente nos mais atmosféricos, em que se destacam a abertura, com a declaração de princípios “I wanna be free” (quero ser livre) e as três declamações finais, que incluem um poema de Lou Reed (“We Are The People) e “Do Not Go Gently”, de Dylan Thomas. O trompetista Leron Thomas e a guitarrista Noveller são os grandes artifíces do som que por aqui se ouve, surfando basicamente sobre ritmos e sintetizadores. Apesar da evidente bipolaridade, este é já um dos melhores discos de Iggy Pop, correndo embora o risco de desagradar a gregos e troianos, precisamente devido a essa aposta de corrida em duas pistas.

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