Carminho - Portuguesa *****

O fado anda a ser reinventado, pelo menos, desde que Amália trouxe o saxofone de Don Byas para os seus discos e começou a cantar poetas contemporâneos. Nem Carminho, nem outros da atualidade, estão, portanto, a inventar nada. Mas não é por acaso, porém, que se traz Amália aqui. Carminho atravessa uma fase de infinitas possibilidades, como já se ouvira em “Maria” (2018) e se confirma na atual circunstância. Voz seguríssima, já sabíamos, a que junta cuidado e grande sensibilidade na escolha de autores, temas, referências, poetas, companhias, num balanço permanente entre a tradição e a abertura de caminhos. E por isso há aqui Marceneiro e Sophia, mas também Marcelo Camelo e Rita Vian (belíssimo dueto), e as guitarras ganham a companhia do mellotron e da pedal steel, muitas vezes a determinarem a atmosfera. “Praias Desertas”, de sua total autoria, sintetiza, em forma e conteúdo, essa tensão que atravessa o disco.


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