Pronto, já todos percebemos: Tom Petty sabe escrever e interpretar blues. Podemos continuar a ouvir música interessante? Ah não? É preciso explicar? Então é assim…
Tom Petty anda perdido há umas três décadas, precisamente
desde que decidiu gravar o primeiro disco. O homem começou por ser confundido
com o punk, e depois compararam-no a
Springsteen, e depois (enfim…) a Dylan, e por aí fora. E tudo isto porquê?
Simples – Tom e os seus Heartbreakers nunca conseguiram encontrar uma voz
própria e, acima de tudo, marcante. Fizeram, por isso, discos sofríveis,
aceitáveis até, mas nunca brilhantes.
Este Mojo não foge à regra. É um tratado de blues. Há-os de
todos os estilos – à la Clapton (“Running Man’s Bible”, psicadélicos “First
Flash of Freedom”, talkin’, pesados, leves, quase-reaggae (“Don’t Pull Me
Over”) e até (sim) dylanianos (“No Reason To Cry”). Tudo muito certinho.
Excepto a emoção de que estas coisas são feitas e que por aqui não mora. Enfim,
o costume.