Tudo resumido é assim: Junip é José González acompanhado de
teclas e bateria. Sim, a criação sai ao criador, mas não é exactamente a mesma
coisa. E, sim, este disco pode ser um tanto aborrecido para quem não estiver na
onda - uma espécie de transgénico, resultante do cruzamento do folk com o
psicadelismo, numa versão minimal repetitiva.
José González – e agora convém lembrar que o cavalheiro,
embora não pareça, é sueco, derivando o nome dos progenitores argentinos –
granjeou fama e proveito mundial a partir de 2003, quando lançou Veneer, uma colecção de canções acústicas,
servidas por guitarra e uma voz encantatória e ligeiramente monocórdica. Por
artes da indústria musical, as suas canções foram parar a séries de televisão
americanas e José virou fenómeno de culto, estado em que se encontrava em 2007,
quando lançou o segundo disco, In Our
Nature.
Os Junip, que juntam González às teclas de Tobias Winterkorn
e à bateria de Elias Araya, já existiam antes do sucesso de Veneer, mas foram sendo relegados para
segundo plano. Este Fields é, pois,
um disco de gestação lenta.
As canções que aqui podemos ouvir não são muito diferentes
daquelas que González gravou a solo. E aqui as opiniões podem dividir-se: os
ornamentos instrumentais favorecem, ou não, as composições originais? Se há
casos em que claramente se fica a ganhar (“Howl”, uma bela canção, de ritmo
suavemente afro-latino), noutros o psicadelismo insistente e repetitivo torna a
audição uma experiência algo desinteressante (por exemplo em “Rope &
Summit”, estranhamente escolhida para primeiro single promocional). Ou seja, os
instrumentos oram entram de mansinho, ora se impõem a tudo e todos, havendo
casos em que tudo isso se passa na mesma canção (“Tide”). Em suma, um disco que
só convencerá os convencidos.