Canções de entrega e abandono, de preferência em registo de
balada. Com voz quase balbuciada, lânguida, ora sofrida, ora insinuante. E há
uns anos que Lucinda não ia tão fundo, na entrega absoluta, ou da dor da ausência.
Neste disco, há dois amigos que partem, talvez para a órbita da terra, talvez a
caminho do sol, como ela canta em “Copenhagen”, ou em “Seeing Black”, dedicada
a Vic Chestnutt e com Elvis Costello na guitarra. E há o outro lado da vida, o
amor incondicional (“Born To Be Loved”), encantatório (“Kiss Like Your Kiss”),
e incondicional outra vez (“I Don’t Know How You’re Livin’”). Talvez devido à
produção, extremamente cuidada, mas seguramente também graças à composição,
este é um dos melhores discos de Lucinda Williams e marca um certo regresso às
origens, do blues e do country sofisticados, onde nunca falta pelo menos uma
guitarra, de preferência eléctrica e agreste.