Banda do Mar ****

A felicidade das coisas simples. Este disco limita deliberadamente o seu raio de acção. Não é um disco novo do brasileiro Marcelo Camelo, ou de Mallu Magalhães, ambos a viver em Lisboa, não é um disco do casal, muito menos de Fred (baterista dos Buraka, Orelha Negra, 5-30). Banda do Mar assume-se como uma descomplexada reunião de amigos, sem mais pretensões que recuperar a sonoridade yé-yé (a "jovem guarda" do Brasil de 60) e cantar as alegrias do amor quotidano sem complicações. Assumidamente, aqui não há surpresas, ou sequer a tentativa de fazer músia elaborada ou ambiciosa. Pelo contrário, a ideia é fazer dançar, ou simplesmente bambolear, cantarolar ou apenas sorrir de felicidade. Tendo em conta a carreira de Marcelo e Mallu facilmente se imagina a perfeição com que a ideia é concretizada. Mas, obviamente, a falta de ambição do projecto reflecte-se no resultado final, não havendo aqui nada de extraordinário. A inspiração principal são os Beatles iniciais (a guitarra de "Cidade Nova", saída directamente de Hamburgo), mas "Faz Tempo" vai buscar quase tudo a "My Sweet Lord", de Harrison. "Dia Clarear" talvez seja o tema que mais se afasta do conceito global, assentando mais no material genético de Camelo. Já "Seja Como For" mostra-nos uma Mallu muito próximo do último "Pitanga", com as suas características inflexões vocais. A Banda anuncia, para já uma digressão brasileira, a que deverão seguir-se, já em 2015, apresentações em Portugal. E talvez com o andamento se perceba a verdadeira ambição deste aparente projecto paralelo.

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