Mercury Rev - Bobbie Gentry's The Delta Sweete Revisited ***

Bobbie Gentry caiu praticamente no esquecimento quando, no final da década de 1970, se retirou, após pouco mais de uma década de carreira marcada por um grande sucesso, “Ode to Billie Joe”, e um conjunto de discos em que procurou novos e amplos caminhos para a música de raiz country. 
Cantora e compositora – neta de portugueses, mas isso é irrelevante para esta história –, produziu também os seus próprios discos, incutindo-lhes sonoridades ricas e densas, com elementos pop, soul, gospel e blues, que haveriam de ser inspiração, décadas depois, para muitos nomes do country alternativa. 
A sua obra-prima é, precisamente, “The Delta Sweete” (1968), um razoável falhanço comercial, de que os Mercury Rev fazem agora uma versão completa, muito distante do original e razoavelmente desinteressante, apesar do convite a 13 vozes femininas para interpretar as canções desse disco mais o sucesso de “Billie Joe”. E nem vale a pena comparar a exuberância vocal e a subtileza instrumental de “Reunion” com a versão etérea e pastosa aqui interpretada por Rachel Goswell (Mojave 3). Aos originais de “Tobacco Road” ou de “Morning Glory” – em que se ouve ora peso do trabalho escravo nas plantações do sul dos EUA, ora uma voz ensonada que nem hesita em bocejar, correspondem agora réplicas domesticadas e rotineiras, como aliás é algumas vezes a música dos Mercury Rev. 
E nem a presença de algumas estrelas de primeira linha (Beth Orton, Norah Jones ou Lucinda Wiiliams) é suficiente para retirar esta aventura da mediania de que, precisamente, Bobbie Gentry fez tudo para fugir na sua época.

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